segunda-feira, 9 de junho de 2014

BOTULISMO


DEFINIÇÃO:

É uma doença infeccioso neuroparalítica causada pela liberação de toxinas produzidas por uma bactéria chamada Clostrium botulinum, encontrada geralmente no solo sob a forma não patogênica sendo atualmente considerado um dos principais agentes do chamado “bioterrorismo”.

Em seres humanos, a doeça é decorrente principalmente da ingestão de alimentos inadequadamente preparados, principalmente os alimentos em conserva. Destes, o palmito em conserva, por ter uma preparação inadequada e clandestina é o principal responsável pela ocorrência de Botulismo.

INCIDÊNCIA:

O Botulismo ocorre com maior frequência em países que possuem o habito de ingerir alimentos enlatados e carnes conservadas.
Entretanto, é atualmente uma doença rara ou subnotificada devido a dificuldade no diagnóstico e nos sistemas de informação.

SINAIS e SINTOMAS DO BOTULISMO:

O período de incubação da doença variável podendo ir de 2 hs até uma semana mas com media de 18 a 36 hs sendo que quanto menor for o período de incubação mais grave será a doença.
Os sintomas iniciais são o aparecimento de diplopia (visão dupla), dificuldade na focalização de objetos, boca seca, disfagia (dificuldade de deglutição), sintomas decorrentes da paralisia neuromuscular.
Seguem-se os sinais e sintomas gastrointestinais sendo que os mais comuns são representados por náuseas, náuseas e dores abdominais. O exame físico mostra uma ptose palpebral (pálpebras caídas) e pupilas dilatadas muito reativas à luz devido ao comprometimento neuroparalítico do VI par craniano (nervo craniano que permite o movimento de lateralização do globo ocular).

Posteriormente aparece uma paralisia motora do tipo descendente comprometimento intenso dos músculos periféricos incluindo a musculatura respiratória sendo que o comprometimento neuromuscular é bilateral, mas não necessariamente simétrico.
Em todo o processo evolutivo dos sintomas da doença o nível de consciência do paciente permanece inalterado.

A morte ocorre geralmente por paralisia do bulbo raquidiano (que é a parte inferior do tronco encefálico que comanda algumas funções vitais como respiração, batimentos cardíacos e pressão arterial) ou também devido a complicações respiratórias decorrentes do próprio tratamento.

EXAMES DE LABORATÓRIO PARA DIAGNÓSTICO DE BOTULISMO:

O exame laboratorial que dá o diagnóstico de certeza é a demonstração da existência da toxina botulínica em amostras de soro, fezes ou de alimentos suspeitos, feita pela inoculação de um destes materiais no peritônio de camundongos (membrana que recobre os órgãos abdominais do camundongo).
Como pode-se observar, este tipo de exame laboratorial é trabalhoso, oneroso e demorado o que pode explicar a pequena quantidade de casos notificados.

Devido a este fato, para fins diagnósticos, pode ser mais importante a associação da anamnese (em que é feito um histórico sobre a presença do pacientes em certos locais sujeitos a contaminação bem como um histórico alimentar sobre ingestão de alimentos em conserva) aos sinais e sintomas clínicos bem como a presença de sinais e sintomas neurológicos e gástricos associados a ingestão de alimentos suspeitos.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:

Algumas doenças podem apresentar sinais e sintomas muito parecidos aos do Botulismo sendo necessário diferenciar tais doenças do próprio Botulismo. A esta diferenciação chamamos de DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.

Assim sendo, o diagnóstico diferencial deverá ser feito com alguns casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), Miastenia Gravis (uma doença neurológica grave), intoxicação por Atropina (isto é, um tipo de medicamento usado no tratamento de Asma e/ou cólicas) sendo que a realização de uma Eletroneuromiografia pode auxiliar nestas diferenciações.

TRATAMENTO:

O tratamento envolve 03 partes:

1.    Tratamento sintomático e de suporte: Consiste no tratamento da insuficiência respiratória que ocorre em decorrência da paralisia do bulbo respiratório o que é feito com o uso de respiração mecânica assistida (isto é, uso de respiradores) que é de grande importância e diminui muito a quantidade de óbitos por esta doença.
Após a introdução de respiradores mecânicos o índice de mortalidade caiu de 60% para 20% dos casos.

2.    Tratamento específico da doença: Consiste na eliminação da toxina do trato gastrointestinal o que pode ser feita com a realização de lavagem gástrica, uso de laxantes ou de enemas (isto é, introdução de líquido pelo ânus para lavagem intestinal).
Também consta do tratamento específico da doença a administração Antitoxina Trivalente A, B e E de origem equina.

3.    Tratamento de suporte: Consiste na administração de antibióticos que estão indicados no caso de ocorrência de infecções respiratórias que podem ocorrer durante o tratamento.

PREVENÇÃO:

A principal prevenção consiste no desencorajamento da preparação doméstica de alimentos além da inspeção da preparação industrial de alimentos em conservas em todas as suas fases

Dúvidas podem ser esclarecidas por esse mesmo meio de comunicação ou através de www.facebook.com/drnelsonmeneghellofh.

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