terça-feira, 9 de dezembro de 2014

INTOLERÂNCIA A LACTOSE

A lactase é uma enzima produzida por células localizadas na superfície mucosa do intestino delgado. Essas células produzem, armazenam e liberam uma enzima digestiva chamada lactase que tem a função de digerir a lactose, ou seja, decompor o açúcar do leite em carboidratos, para que seja absorvido.  Quando nascemos temos uma grande quantidade de lactase que, ao longo dos anos, fisiologicamente, vai regredindo.

Define-se como intolerância à lactose a ausência parcial ou total da enzima LACTASE, que resulta na incapacidade do corpo em digerir a LACTOSE (açucar presente nos laticínios: leite animal/derivados). A lactose então, não sendo digerida, chegará ao intestino grosso e sofrerá a fermentação pela flora intestinal (bactérias) causando assim a produção de ácido láctico e gases. Ainda no intestino grosso, a lactose aumentará a retenção hídrica e isso implicará em diarréia osmótica, com perda intestinal dos líquidos orgânicos, além de cólicas.

Há pessoas que nascem com a incapacidade de produzir a lactase ou a produzem em quantidade ineficiente para o bom funcionamento do organismo. Quando bebês, nem mesmo podem ser amamentados devido à diarréia. Contudo, é possível que a patologia ocorra em pessoas de qualquer idade, podendo ser uma inibição temporária ou definitiva da produção da lactase.

Comumente, prematuros nascidos com idade gestacional inferior a trinta semanas, nascem com a deficiência. Ao contrário de recém-nascidos a termo que os casos são raros e têm causa hereditária.

Portadores de doenças crônicas como a doença de Crohn e de Whipple, doença celíaca, AIDS, desnutrição, síndrome do intestino curto, giardíase podem ser acometidos pela doença.

Há uma diferença entre alergia ao leite e intolerância à lactose. Na alergia ao leite, ocorre uma resposta do sistema imunológico às proteínas do leite independente da quantidade ingerida, ao passo que a intolerância à lactose está relacionada à digestão e a reação será de acordo com a quantidade ingerida.

INCIDÊNCIA

Estudos revelam que a intolerância à lactose está presente em 70% da população brasileira. Cada pessoa apresenta um grau de intolerância que pode ser leve, moderado ou grave.

Nos EUA, a razão é de 1 para cada 4 adultos que sofrem com a deficiência.

TIPOS DE INTOLERANCIA

- Deficiência primária: essa é a que mais acomete a população, ou seja, a mais comum. Fisiologicamente, ao passar dos anos, a produção da lactase sofre redução progressiva.
- Deficiência secundária: é muito comum no primeiro ano de vida. Ocorre uma deficiência temporária da enzima na criança. Ao longo do tempo as céluas serão repostas, mas não há um tempo exato para isso. Outro caso também é que doenças crônicas (Doença Celíaca, Doença de Crohn, dentre outras) afetam negativamente a produção da enzima. Com o controle dessas doenças, a intolerância pode desaperecer.
- Deficiência congênita: é uma forma rara, porém crõnica. Alguns recém-nascidos, principalmente os prematuros, nascem com um defeito genético que impossibilita a produção total da lactase.  

FATORES DE RISCO

- Etnia: a intolerância à lactose é diagnosticada mais comumente em asiáticos, hispânicos, indígenas e negros;
- Idade: a probabilidade de desenvolver intolerância à lactose aumenta conforme os anos se passam;
- Recém-nascido prematuro: bebês prematuros produzem menos lactase uma vez que a enzima só tem a produção aumentada ao final do terceiro trimestre da gestação;
- Doenças: doenças crônicas como a Doença de Crohn e doença celíaca podem afetar a produção da lactase, uma vez que que elas afetam o intestino delgado, local onde ocorre a produção da enzima.


SINTOMAS

Os sinais/sintomas apresentados podem variar de pessoa a pessoa, bem como com a quantidade ingerida.
Após a ingestão de laticínios (leite, queijos, creme de leite, requeijão, doce de leite, leite condensado, etc) ou de alimentos que apresentem leite em sua composição como pudim, bolo, brigadeiro, sorvete, dentre outros, os sintomas surgem minutos ou horas após. São eles:
- Cólicas;
- Flatulências (gases);
- Distensão abdominal;
- Diarréias;
- Náuseas;
- Assaduras e ardor no ânus, devido à acidez das fezes (PH 6,0).

Em crianças pequenas e bebês é comum a perda de peso e um crescimento mais lento.

DIAGNÓSTICO

Será realizado exame clínico e uma anamnese (entrevista) com o paciente ou responsáveis, em caso de crianças. Geralmente, com os relatos é possível que o médico possa direcionar o diagnóstico para Intolerância à lactose. Para confirmar podem ser solicitados alguns exames, como:

- Exames de tolerância à lactose: em que o paciente irá ingerir, em jejum,  um líquido com alta concentração de lactose. Depois de algumas horás, será colhido amostra de sangue para verificar os níveis de glicose na corrente sanguínea, que permanecerão inalterados em portadores da deficiência. OFERECIDO PELO SUS.

- Exame de hidrogênio expirado: o paciente ingere altas doses de lactose para que depois seja analisado, pelo médico, a quantidade de hidrogênio expirado. Se houver aumento da quantidade de hidrogênio, é porque existe anormalidade da lactose no organismo.

- Medidor da acidez: o exame avaliará a acidez das fezes.

TRATAMENTO

Poderá ser controlada a base de dieta e de medicamentos. 
Será indicada uma dieta sem leite e derivados para reduzir os sintomas. Após haver a melhora, serão reintroduzidos aos poucos, laticínios até verificar a quantidade máxima que o organismo consegue digerir sem que apresente os desconfortos causados pelos sintomas. Isso é importante para que o paciente não seja privado da oferta de cálcio na alimentação e de Vitamina D, uma vez que são nutrientes importantes para a formação de massa óssea saudável. 

Caso a quantidade tolerada para ingestão seja insuficiente, o médico poderá adicionar à dieta suplementos com lactase e leite com com baixa concentração de lactose para que o aporte de cálcio não seja prejudicado. Pode também adicionar gotas de lactase no leite comum , 24 horas antes do consumo, para que seja feita a quebra da lactose.

É possível levar uma vida normal, porém é preciso seguir a dieta com rigor. Lembre-se que a intolerância à lactose não é uma doença.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há outras fontes de cálcio que podem ser encontrados nos vegetais de cor verde-escura. São eles: agrião, mostarda e brócolis. Há também fontes como o nabo, repolho, salmão, sardinha e camarão. É importante a ingestão desses alimentos para evitar a carência nutricional do cálcio, caso o leite e seus derivados sejam eliminados da dieta.

Alimentos como: feijão, ervilhas, tofu, amêndoas, ovos, nozes, gergelim, manjericão, orégano, couve-flor e mariscos também são fontes de cálcio.
Antes de ingerir um alimento, leia a composição em seu rótulo, para verificar se há ou não lactose. 

Medicamentos também podem conter lactose em sua composição. Leia atentamente a bula.

O pão francês e o pão de ló não possuem leite em sua composição.

Dúvidas podem ser esclarecidas por esse mesmo meio de comunicação ou através de www.facebook.com/drnelsonmeneghellofh








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